quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Férias

Estou finalmente saindo de férias. Retomei a escrita no último mês após um período de bastante trabalho e assim que consegui um tempo livre voltei a escrever. Sei que não posso ficar sem escrever, é um exercício contínuo que necessito cultivá-lo. 

Mas agora sairei "totalmente" de férias. Isso significa querer sair do ar realmente, mudar de ambiente e totalmente de rotina. Preciso disso. Necessito desligar-me um pouco desse mundo digital que, apesar de ter servido-me como via de escape para a rotina massante, também exige uma ausência temporária. 

Enquanto proletário, mereço essas malfadadas "férias" que, no capitalismo, corresponderiam à migalhas "recompensadoras" por um ano inteiro de serviço e entrega, de corpo, alma e tudo mais o que puderem sugar. 

Portanto irei tomar os meus "bons drinks", em uma praia, de chinelo e bermudão. Também tentarei ler algo o mais tranquilo o possível (chega de sociologia, ciência política, psicanálise, saúde pública e o escambau!) e se possível, se a inspiração bater nos momentos mais etílicos e eu achar alguma lan, sairá algum post por aqui. 

Agora resta-me a estrada, rock n'roll no som e a expectativa de momentos de agradável entrega ao ócio puro e simples.

Obs.: Ah, um feliz ano-novo àqueles que aguentaram ler isso até aqui!

Trilha Sonora Recomendada: Rolling Stones, B. B. King & Eric Clapton, The Black Crowes, Nada Surf, Reggae & Ska, Tim Maia, Jorge Ben.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Melancholia - parte I

Duas da tarde. Copo de conhaque pela metade. No cinzeiro cheio um cigarro queima. Apoiado no balcão, olhando para o mar, Carlos perde-se. Pensamentos, imagens, dor, alegrias.Tudo surge ao mesmo tempo. Chove bastante, um friozinho que até lembra o outono, apesar de ser verão.

A praia está vazia. Trata-se de um balneário distante de difícil acesso que fica vazio a maior parte do ano. Carlos foi para lá justamente para não ver ninguém. Queria escrever, escrever muito. Há meses sentia a angústia o corroer e não manifestava nada. Calou-se.

Os dias passavam arrastando-se. O álcool o alimentava constantemente. Em alguns dias perdeu totalmente o senso de tempo. Não havia relógios nem calendários. O celular foi jogado no mar. Ninguém sabia para onde ele havia se mudado depois que largou o emprego. Estava realmente só.

As vezes acordava de madrugada achando já ser dia. Pegava uma folha, uma bebida e começava a escrever. Houve um dia que escreveu mais de oitenta páginas compulsivamente. Foram alguns meses assim. Praticamente não saia de casa, somente para comprar bebidas, cigarros e alguma comida. 

No auge da bebida tinha delírios terríveis. Imagens do passado, vozes e pessoas que a tempo não via iam o visitar. Conversou com seu pai que há 10 anos havia falecido. E o pior, a risada das crianças e a voz de Julia que não parava de chamá-lo.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Balanço



O fim do ano se aproxima e a sensação é de ressaca. Parece que o "saldo" do ano é sentido de uma vez só, agora, nesses últimos instantes de 2011. Ano cheio, muito trabalho e até que se conseguiu uma rotina mais ou menos estruturada. Foi um ano estável, até se poderia dizer. Teve seus percalços, alguns altos e baixos. Mais no geral fica-se uma sensação de ter sido um ano mediano, sem muito para comemorar mas também pouco a se lamentar.

A vida continou com seus passos lentos e algumas surpresas. Foi um ano de confirmação, de continuação de um processo que se iniciou há dois anos, e por isso foi bom. Mas foi previsível, e deve ser assim mesmo. Parecemos lutar a vida toda por alguma estabilidade, e quando a alcançamos, fica um vazio. Chegou-se onde queria. Tá, mas e agora? Para onde ir?

Diriam: novos planos, novos caminhos. Ok. Mas alguns desses novos caminhos exigem espera, que oportunidades e aberturas apareçam. E enquanto isso vamos levando nossa vida como dá. E digo, não é ruim não!

Talvez a sensação de vazio seja só pela chegada de mais um fim de ano. E ai começamos a querer fazer balanços como esse daqui. Confesso que não gosto mais de fim de ano como gostava antes. Agora só espero por férias. Natal e ano-novo deprimem-me, e nem sei dizer o porquê. Talvez seja pelos balanços mesmo, que parecem nunca quererem fechar... sempre falta, ou sobra.

Trilha Sonora: Smashing Pumpkins "By Starlight".

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Psicanálise II - ou O bloqueio

(Da série "Psicanálise" - ver "Psicanálise I - ou o retorno do recalcado")

Tenho uma estranha impressão de que me cerco em uma barreira imaginária que me isola dos outros. Como se criasse uma "proteção", um empecilho para que os outros não cheguem a mim - ou pelo menos tão perto de mim.
Sinto que à pouquíssimos consigo confiar uma abertura maior, como se poucos pudessem transpassar esses limites que ergo e realmente conhecer-me melhor. É como se entre o "eu" e o "outro" houvesse um espaço vazio, uma "zona de conforto", em que barro a maior parte daqueles que tentam algum contato maior. E isso as vezes é constrangedor.
Sei que isso tem a ver com privacidade, e também com uma característica minha de ser reservado e até contido. Mas confesso que isso as vezes incomoda. Vejo que muitos realmente se afastam ao sentir esse bloqueio. Sinto que vez ou outra sou mal-compreendido e passo uma imagem de inacessibilidade ou até arrogância. E sei que isso também já foi muito pior e de onde veio, de uma pessoa que admiro muito mas que nunca se abriu totalmente à ninguém. E isso é triste.
Pode ser uma defesa qualquer, narcísica como toda defesa. Pode ser uma tentativa de fuga , de si mesmo , contra uma natureza supostamente inaceitável e que deve ser escondida. Mas acima de tudo lembra-me Sartre, assim como a malfadada castração: "o inferno são os outros", e esta frase tem diversas significações.
O encontro com o outro revela-me, mostra as fraquezas e limitações. Este outro pode vir a conhecer minha verdade, a de que não sou realmente bom como gostaria de ser e de que tanto esforço faço para demonstrar sê-lo.

Corro o risco de perder, e por isso não entro no jogo. Não vou até as ultimas consequências. Preservo minha frágil integridade assim: correndo, afastando, escondendo-me. O contato com o outro torna-se "inferno". Até quando? Há tanto o quê esconder mesmo?

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Luto

Quando irei acordar deste pesadelo? Que pesadelo? 
Minha vida. Não sei se quero acordar e aceitar o que aconteceu. Ainda ouço os gritos.
Ando por ai a procura de alguém. Um abraço. Ela vai aparecer. Ando. Novamente.

O que está havendo com minha memória? Por que não lembro o seu rosto? Lembro de sua mão tocando minha face. E só... mas não esqueço do buraco. Seu corpo descendo. Eu querendo atirar-me. Meu pai segurou. Aquele desgraçado. Tenho raiva dele por isso, por permitir eu viver neste pesadelo. Eu só queria o fim.

Vejo pessoas por ai. Encontro muitas mulheres. Mas por que não ela? A única que quero encontrar. Não tenho mais ninguém. Só tinha ela. Todos esses ao meu redor não são minha família. São sombras, e a única sombra que gostaria de ver, não vejo. 

Acordo em lágrimas. Gritos, flores, chuva. A cena não pára de passar. Como num videotape. Ela está lá: linda, dançando pelo salão, sorrindo para os convidados. Cortamos o bolo. As taças de champagne. A promessa de que sempre estaríamos juntos. Ela mentiu! Peraí, foi eu que a enterrei, estou lembrando agora. Sou eu o culpado! Eu a matei. Não, é mais uma cena errada.

Todos desistiram de mim. Ficou apenas minha dor. Não cabia mais ninguém. Eu, minha dor e este videotape.

Trilha Sonora: Radiohead - "Videotape"; "All I Need" (do álbum "[2007] In Rainbows")

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Little Girl Blue




"I want you to count, oh, count your fingers,
Ah, my unhappy, my unlucky
And my little, oh, girl blue.
I know you're unhappy,
Ooh ah, honey, I know,
Baby, I know, just how you feel".

"Little Girl Blue - Janis Joplin"






Ela sonhava  com o amor perfeito. Tinha apenas 16. Tudo era novo e intenso. As vezes por demais. Sentia-se diferente. E embora isso seja algo que todo adolescente em algum momento já sentiu, com Flávia parecia um sentimento real demais . Não sabia explicar. Era uma apreensão estranha, uma sensação de não se encaixar a nada e de não pertencer a lugar algum. Não era apenas uma época de maturação e uma fase de transição. Era incompreensão. Total.

Suas amigas estranhavam quando sumia. Às vezes era por horas. Ficava à beira do rio, olhando fixadamente para o horizonte. Em sua mente fervilhavam idéias, sonhos e desejos. Um mundo todo a ser descoberto. Mas ao mesmo tempo tudo estagnava.

Não se dava com sua família. Os pais sempre fora. Um ou outro almoço de domingo. Suas amizades logo desistiram dela. Restava os cd's de Janis Joplin e uma garrafa de conhaque guardada debaixo da cama. Foram muitos sábados assim. O cigarro queimando entre os dedos. Estrelas a contar. Little Girl Blue...

Trilha Sonora: Janis Joplin "Little Girl Blue"; Legião Urbana "Depois das 6".

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Psicanálise I - ou o retorno do recalcado

É a castração. Mas é o desejo também. Desejo que pulsa - e o que faço com isso? Grande dilema. Andamos e desandamos, entre um e outro. Tão difícil encontrar este caminho. Onde começa um, e onde irá levar-me? Vou. Quero ir, simplesmente ir. Mas esbarro, tropeço, caio. Gosto de cair, mas não de levantar-me. Sei que preciso disso. Caído, desjuntado, não vou a lugar algum. Mas dói levantar, ver o erro, ou melhor, dói não querer ver o erro. Aquilo que me derruba pode fortalecer-me. Mas por que então evito tanto?

O caminho livre, tão sonhado e procurado. Não se quer os obstáculos. Mas eles estão lá, quase sempre parados. Às vezes são tão dinâmicos que não os visualizamos. Mas quase sempre estão ali, a nossa frente, esperando para cairmos. Se sabemos que são assim, para que evitar? 

Somente quero ir, assim, do meu jeito. Procuro isso. Vivo buscando isso. Parece tão distante... Mesmo assim só quero ir. Quero meu caminho e ele só me escapa. Mesmo assim quero. Desejo. É frustração, e assim mesmo, desejo. Entre um e outro, construo minha via, talvez uma via única, ou a única via que posso seguir. 

Trilha Sonora: Giancarlo Rufatto "Machismo" (álbum).

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

On the Road

"Out of gas
Out of road
Out of car
I don't know how I'm going to go and
I had a drink the other day

(...) You will come down soon too
You will come down too soon..."
(Modest Mouse: "Out of Gas")



"Na estrada. Apenas seguindo, rodando.
Eu sei o caminho onde irá dar.
Escolhi isto.
Mas demora tanto a chegar..."


Sei que a graça de tudo está em "andar" e não em "chegar". Quando chegamos o caminho acaba. O objetivo é cumprido. Fim. Passamos a outro destino então. E a vida vai indo assim, sempre passageira, momentânea, pronta a apontar novos desafios.

Mas e quando este fim começa a se tornar longínquo, e a espera de realizar se prolonga demais? Sei que isso tem a ver com a velha questão de viver o presente que tanto indaguei. Tem-se uma sensação de que nada saí do lugar. Estamos rodando sim, rodando e rodando. A paisagem parece ser sempre a mesma. Talvez estamos em um deserto. Infinita highway...


É a ânsia pelo novo. A busca por algo que traga algum sentido. Como falei, sei que o sentido não está nos fins, mas nos meios. Está no próprio caminho. Já disseram para não se buscar a felicidade ou colocar a busca por um amor como objetivo, pois na fixação ou alienação da busca perde-se o essencial, que é justamente as idas e vindas, falhas e acertos, dias bons, dias ruins.


Mas às vezes apenas se cansa. Desilusão. Há dias em que tudo tende a se prolongar. É a velha Espera. Tem que haver sentido maior que isso. Deve haver um lugar, um limbo, entre a espera e o fim, onde se encontre algo de concreto. Algo que fuja desta tortura imaginária que é a busca. 


É a vida on the road. Mas não é no sentido que Kerouac delirou tão fantasticamente. Ali o prazer era não ter rumo, pegar a primeira via que se apresentasse, nem a mais interessante, nem a melhor, apenas a que se oferecesse. Aqui falo de uma estrada só, longa, lenta, com poucas curvas e paisagens, praticamente sem fim. 


Trilha Sonora: Modest Mouse - "Out of Gas", "Trailer Trash" e "Bankrupt on Selling".

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

By Starlight - Smashing Pumpkins


By Starlight

By starlight I'll kiss you
And promise to be your one and only
I'll make you feel happy
And leave you to be lost in mine
And where will we go, what will we do?
Soon said I, will know
Dead eyes, are you just like me?
Cause her eyes were as vacant as the seas
Dead eyes, are you just like me?
And all along, we knew we'd carry on
Just to belong
By starlight I know you
As lovely as a wish granted true
My life has been empty, my life has been untrue
And does she really know, who I really am?
Does she really know me at last
Dead eyes, are you just like me?

Sob a Luz da Estrela

Sob a luz da estrela eu te beijarei
E prometo ser o seu primeiro e único
Eu farei você se sentir feliz
E deixarei você se perder em mim
E aonde nós iremos, o que nós vamos fazer?
Logo que dizer, saberás
Olhos mortos, vocês são simplesmente como eu?
Porque os olhos dela eram tão vagos como os mares
Olhos mortos, vocês são simplesmente como eu?
E ao longo de tudo nós soubemos que continuaríamos
Somente para pertencer
Sob a luz da estrela eu conheçerei você
Tão amavelmente como um desejo concedido.
Minha vida foi vazia, minha vida foi ilusão
E ela realmente sabe quem eu realmente sou?
Ela realmente me conhece ao menos
Olhos mortos, vocês são simplesmente como eu?

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Amanhã

Levo minha vida assim.
Solitário.
Esperando pelo amanhã.
Um amanhã que não se concretiza.

Esperando viver uma vida conforme esperei.
À espera, tortura.
Quero que o tempo simplesmente passe, e vai passando.
Não assim. Quero outra coisa. Quero os outros, quero a vida assim.
Com todos perto de mim, vivendo minha vida com eles.

Tudo passa numa lentidão sem fim.
Esgoto-me. Desafio-me. Vivo.
Vida breve que passa e passa.
Sonhos a se sonhar.

Passos e passos.
Calmaria, pensamentos em ebulição.
Mais um dia a se passar.
Que venha. Estarei aqui.

Sem metade de mim, meio assim.
Sou eu, fingindo ser.
Algo que busco estar.
Quem sabe, um dia.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Um dia pela frente

Esperando apenas que o dia acabe.
Frio. Chuva.
Horas e horas pela frente.
Falta de você. Falta você.
Quero o brilho do sol, o calor novamente.
Mente perdida em nada.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Nostalgia

Por que somos tão nostalgicos? Pelo menos eu incluo-me nessa categoria. Sempre tenho flashbacks que me deixam ora com uma alegria gostosa, ora com uma doce angústia. Parece que na medida em que o tempo passa mais tendemos a olhar para o passado com um certo deleite, uma admiração e valorização maior do que nos tempos atuais. Assim as músicas antigas sempre são melhores, os artistas de tal época eram “de verdade”, os programas de tv eram mais interessantes e “erámos felizes e não sabíamos”.

A juventude em si desperta muita nostalgia. Engraçado que a adolescência quando vivida é geralmente muito tumultuada e até sofrida. Porém, passados alguns anos, já a olhamos sob outros olhos, como um tempo “gostoso”, de descobertas, com algum sofrimento mas muita diversão. Por mais que naquela época somente reclamavámos de tudo e achavamos “tudo um saco”. 

Tive essa impressão ao ouvir novamente o álbum "Ok Computer" do Radiohead. Durante a minha adolescência o ouvi cansavelmente durante os momentos mais angustiantes. E hoje a sensação foi tão diferente. Lembrei de vários momentos bons em que esta sonoridade acompanhou-me. Talvez sofremos um “recalque” das coisas ruins da adolescência durante a vida adulta, assim como recalcamos a infância durante a adolescência. 

Muitas vezes lembro-me de algumas passagens de minha adolescência num tom onírico, com cores e cheiros específicos, com trilha sonora marcando cada momento especial, e um sentimento de que naquela época eu pouco-me-fodia-com-tudo. Realmente eu não tinha muitas preocupações (preocupações no sentido “adulto” do termo: responsabilidades), mas passei por esta fase de forma tumultuada, com vários conflitos. Porém com o passar dos anos parece que vou cada vez mais “esquecendo” das aflições e reforçando a memória das coisas boas. Talvez seja esse o mecanismo de recalque que me referi anteriormente. Vamos aos poucos tentando superar as dificuldades e traumas do passado na mesma medida em que retomamos o que de bom já vivemos. Nesse sentido os mais velhos só contam histórias com vitórias, heróis e façanhas inéditas. Dificilmente contam os tumultos e episódios estranhos e constrangedores que passaram. E não podemos criticá-los por isso, pois fazemos o mesmo com nossas histórias. Estamos o tempo todo, num continuum, reformulando-as. É próprio da estrutura das narrativas serem reconstruídas o tempo todo. Toda vez que contamos uma história a contamos diferente.

A questão que eu quero chegar é a experiência presente. Por que temos tanta dificuldade em simplesmente curti-la e ao mesmo tempo a valorizar tanto as passagens antigas e a idealizar as futuras? Alguém já percebeu que nunca vivemos plenamente o tempo presente? Estamos o tempo todo comparando o hoje com o ontem, e ainda esperando que o amanhã seja melhor. Nessa vivência atemporal nos perdemos, nos alienamos do aqui e agora. Nos angustiamos pelo tempo futuro não chegar logo e nos prostamos diante de um passado que aparentemente era melhor, mas que muitas vezes foi vivido na época como algo até ruim.

Acho que viver o presente é algo realmente difícil. É “matar um leão por dia”. É a luta diária, com vitórias e fracassos, só que somente a posteriori conseguimos reconhecê-los e elaborá-los como tais, sempre tendendo a valorizar as primeiras e procurando esquecer os segundos. O presente parece sempre ser menos interessante pois não nos detemos a ele. Simplesmente o deixamos passar enquanto nos perdemos em devaneios passados ou projeções futuras, sem realmente experenciá-lo. O desafio, portanto, parece ser viver o carpe diem.

Trilha Sonora: Subterranean Homesick Alien - Radiohead

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Masculinidade

- Eu devo ser muito burguês mesmo! - pensou Carlos ao sair de uma mecânica de beira de estrada. Ficara a tarde toda esperando o rapaz trazer uma peça para continuar a viagem. Neste tempo ficou  impressionado com as histórias que os mecânicos contaram sobre suas aventuras sexuais. Está certo que havia muito exagero ali, mas a espontaneidade com que eles demonstravam em ir atrás das mulheres e levá-las para cama o surpreenderam.

- Esses caras nunca leram Bukowski, Anaïs Nin, nem Sade. Não têm idéia do que seja Id e Ego, muito menos moral burguesa. Esses caras vivem! - concluiu com um tom melancólico.

Menino tímido, criado sob uma rígida educação repressiva, Carlos buscou nos livros uma saída para a infância fechada e a personalidade tímida. Não teve amigos sacanas, tios mais velhos ou primas safadas que lhe apresentassem o mundo da putaria. Sim, putaria, porque sobre sexo ele sabia tudo - está nos livros. Agora o que  acontece na realidade - o que as pessoas reais fazem não é sexo - é tesão, é descontrole, sacanagem, palavrões, líquidos, libertinagem... enfim, não há palavras para descrever o que é a ação.

É justamente nesta questão que Carlos chegou. Sim, questão, pois para um intelectual uma interpretação da ação real é uma questão, não um simples pensamento. Um homo academicus para agir precisa formular uma questão - um conceito que consiga abarcar em sua significação a relação dialética entre a realidade da ação e a construção da idéia. Trocando em miúdos, pensa muito e faz pouco. Só que para chegar nesta simples constatação, foram quantas linhas?

Seu problema era justamente esse. Carlos pensava em tudo antes de fazer qualquer coisa. Planejava, media as consequências, avaliava se valeria a pena, se era correto ou não, se não o prejudicaria... Tudo isso não se encaixa ao universo da putaria. Tesão é tesão, é algo que precisa ser descarregado. É uma barreira de represa pronta a ser explodida, em que a água escorre por todos os caminhos buscando um fim.

Carlos fora criado para ser um gentleman. Por isso não compreendia como aqueles homens simplesmente viviam livremente a sexualidade. No seu imaginário o sexo era uma conquista, algo a ser batalhado, e não uma oferta. Portanto este mundo parecera fantástico e curioso a ele.

As mulheres detiam um mistério intransponível. Suas sexualidades eram incógnitas, veladas e fadadas a uma incompreensão constante. Ele não sabia como lidar com o desejo. Se perdia tentando achar a melhor forma de lidar com o que sentia. Ele não sabia como tratar uma mulher. Como agir? E principalmente, como reagir?

- O desejo é louco! Não tenho controle sobre ele. Parece que não o conheço! – consternado, pensou baixo..  Não sabia reagir a uma investida feminina, ainda mais se viesse de alguém quem ele desajasse. E muito menos ele seduzir alguma mulher. Não se achava capaz. Era dócil o tempo todo. Tratava as mulheres com receio, como se qualquer manifestação sua de desejo pudesse "ofender" a moça. Não sabia como dar uma cantada ou demonstrar seu interesse sexual pela donzela. Talvez ele fosse apenas um romântico que colocava o sexo como a última etapa, como algo quase sagrado e proibido.

- Por que este controle, esta sensação de não saber o que fazer, de quem se realmente é! Por que não somente viver e deixar viver? O que me prende? Quem me castiga? Não é somente eu?
Tantas questões Carlos, e nenhuma solução.

Era a moral burguesa. Era sua timidez excessiva. Um controle que toda hora ameaçava ruir. Era seu corpo fervendo por dentro. Imerso em seu corpo "fechado", delirando com as histórias de mulheres descontroladas se esbaldando em um banheiro sujo de uma mecânica de beira de estrada, Carlos saiu dali disposto a experimentar o que é sentir-se como um homem de verdade - e não imaginário.


quarta-feira, 13 de julho de 2011

Sem Mentira

Fabio Góes

Eu já fingi ser muito melhor
Eu já aprendi ser pior
Mas sem mentira

Só de viver no seu mar
De merecer seu olhar
Seu beijo todo dia
E as noites cada vez mais limpas

Quando eu me vi no seu cais...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Segunda-feira (ou Reclusão)

A roupa quente ainda na cama. Chuva e frio. Uma segunda-feira pela frente. Vai ser longa, sempre é, mas quando você se vai... é pior. Eu sei que não devo pensar assim. Gostaria que fosse mais um dia comum.

A semana começa quarta-feira. Segunda desapareço completamente. Terça tento me reerguer. Quarta estou bem. Quinta até sorrio. Sexta ansioso. Aí o fim de semana voa. Tento não viver apenas esperando esse dia chegar. Tento fazer com que meus dias realmente valham a pena. As vezes consigo. Mas segunda-feira, não.

É o dia que nos separamos. Passo as horas entre as doces lembranças dos momentos passados e a árdua tarefa de começar outra semana assim. Tenho que me acostumar. Vontade de mandar tudo ao "foda-se". Acontece que fim de semana significa ter folgado dois dias e deixado meu corpo entregar-se ao "suado" ócio, para então confrontar-se com a velha rotina novamente. É preciso voltar para a Terra. Para a vida material.
Não quero. Apenas não. Reclusão (até quarta...).

Trilha Sonora: Fábio Góes, "Sem Mentira".

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Eu quero...

Eu quero chegar em casa hoje e vê-la sentada no sofá. Com o cachorro no colo. Assistindo à novela. Gostaria de deitar-me ao lado, dar-lhe um leve beijo e apenas permanecer por ali. Conversar depois na hora do café, contar-lhe os fatos mais bestiais do dia. Afagar sua nuca enquanto passa manteiga na torrada - aparentemente séria e compenetrada, para depois sorrir.

Com ela sou apenas eu mesmo. Nada mais. Assim como não precisamos de mais nada além de um ao outro. É simples assim.

Deitar na cama e ficar abraçado até vir o sono. Fazer um comentário que esqueci de dizer durante o café. Ela pergunta: - vamos ao centro amanhã? Preciso comprar um tênis. - Vamos meu amor.

Sábado ela vai fazer pão. Irei buscar a lenha para o forno. Aproveito e compro aquela cerveja de trigo que ela tanto gosta. Eu prefiro as stouts e ales. Vai bem com o hamburguer que faço.
Parece banal. Parece comum. Mas é tudo o que eu quero agora. Ao menos se eu tivesse apenas sua doce presença...

terça-feira, 31 de maio de 2011

Alienação

A felicidade só existe na alienação?

As vezes acho que sim. De certa forma estamos o tempo todo nos alienando. Nos alienamos da dura realidade que nos cerca – e nesse sentido é uma mera proteção. Não podemos simplesmente acordar todos os dias e ter consciência de todas as mazelas e dificuldades que nos cercam. Se não “fecharmos” os olhos, um pouco que seja, para tudo o que acontece – e agora, toda informação do mundo “faz questão” de chegar até nós – não haveria como termos o mínimo de tranqüilidade.

Nos alienamos do rumo que a política toma. Não há como levá-la a sério o tempo todo, como fazem aqueles velhos ranzinzas que passam a tarde lendo jornais. É enlouquecedor!

Ver novelas televisivas é alienador? É. Vivemos por uma hora e meia uma vida que não é nossa. Mas nesse sentido a literatura cumpriria uma mesma função. Há algum problema em sonhar com a vida do outro? Não, desde que tenhamos a nossa própria e saibamos discenir o que é fantasia de realidade.

Aí entro no ponto fundamental. Nos alienamos de nós mesmos. Freud, e principalmente Lacan, sublinharam esta face tão poderosa da psiquê. Estamos o tempo todo fantasiando. E não apenas naquele sentido de buscar a realização de desejos. Achamos que somos determinada pessoa. Acreditamos nesta “persona” e nos apresentamos como tal. Na fantasia somos muitas vezes onipotentes, egoístas e fazemos de tudo para disfarçar esta faceta. Outras vezes somos fracos, carentes, impotentes e chorosos. Seríamos isso mesmo?
Por mais que nos esforcemos para lutar contra o que pensamos de nós mesmos, é assim que agimos. Em uma dúvida constante: será esta “face” o “Eu” verdadeiro? Sou tão ruim quanto acho que sou? Tão bonito como gostaria?

Estamos o tempo todo querendo ser alguma coisa, alcançar alguma meta, ter tal e tal coisa. Nunca satisfeitos e quase sempre alienados do que realmente queremos, temos e somos. Preferimos viver uma ilusão momentânea, onde em frações de segundo “sou” algo para alguém, tenho algo que o outro queira ou reconheçam-me enquanto tal. São os lampejos de felicidade.

Freud apontou para o fato da felicidade ser somente episódica. Não há “A Felicidade”, um estado absoluto que pode ser alcançado, como os livros de auto-ajuda cansam de pregar. Há momentos de euforia. Mas seria só isso?

Acho que há uma felicidade que pode ser construída, passo-a-passo, dia-após-dia. Ela é menos intensa como as buscas momentâneas e desenfreadas. Ela não é tão colorida como as propagandas descrevem. É uma busca por si mesmo, o ser em sua essência – e que não tem nada de natural. É tentar isolar por algum tempo todas as formas de alienação que somente fazem nos afastarmos de nós mesmos. Este “Eu”, que está escondido por “camadas” de alienação, muitas vezes não é assim tão belo. Nem tão forte mas também não tão fraco. Ele é meio incerto e imperfeito. Mas é real. E pode ser muitas coisas desde que se esteja disposto a lutar todos os dias contra tudo o que o impede de simplesmente existir.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Desapego

Somos todos dependentes. E é assim mesmo que deve ser. É duro constatar isso. Vejo isso em mim. Percebo isso em todos, alguns mais, outros menos. E naqueles que eu poderia dizer que não se apegam a nada, vejo somente uma existência beirando ao vazio. A onipotência e o egoísmo parecem sempre levar a um estado de inexistência, falta de sentido.
Nos apegamos à coisas, lugares e principalmente, pessoas. E mais. Almas, representações, idéias e ideologias, religiões, filosofias mais variadas possíveis. Interações e momentos. Parecemos o tempo todo procurar onde nos agarrar. É como se estivéssemos em um disco enorme girando sem parar, soltos, procurando algo que dê um mínimo de estabilidade. 
A verdade que por si só não somos nada. Nossa existência é muito dura. Por mais que lutamos o tempo todo para garantir a sobrevivência material e conseguimos isso muitas vezes sozinhos, sempre precisamos ter um alguém a quem se referir, a quem contar um pedaço do nosso dia, para reclamar de algo ou para apenas "jogar" papo furado.
Por mais que me esforce para separar necessidade de desejo, de compreender que as vezes me mantenho em um relacionamento apenas por necessidade, por não querer estar só, por ter um terrível medo da solidão,  e que o desejo é muito mais que isso, que é a ele quem devo seguir, tudo se embaralha.
E somos assim. Não sabemos se simplesmente queremos algo ou no fundo necessitamos disso. É a mesma coisa. Nosso corpo (e alma) muitas vezes clama por coisas que não sabemos explicar se é desejo, necessidade, fuga ou simples prazer momentâneo. 
Sempre incomodei-me com meu apego a certas coisas e principalmente, idéias e pessoas. Sei que eu precisaria praticar um certo "desapego". Mas meu ser se recusa a apreender isso. Prefiro sofrer todas as conseqüências de assumir meus desejos, ir atrás do que quero, envolver-me completamente, mesmo sabendo que talvez irei literalmente "me ferrar", do que viver no vazio de um mundo "sem amarras", sem desilusões. 
Sinto que preciso passar por isso. Preciso viver, consumir, curtir cada pedaço daquilo que me envolvo. Entrego-me de corpo e alma. Iludo-me, caio, estouro-me. E gosto de levantar. Gosto de começar tudo de novo. Gosto de não ter me arrependido de ter feito. No pensamento tudo é mais fácil, tudo pode, inclusive não se decepcionar. Mas gosto de me decepcionar com as pessoas, de ver que elas são reais, tão imperfeitas como eu. Que são solitárias, carentes e muitas vezes tão idiotas como sou também.
Isso é Ser Humano. Um pouco masoquista? Sim, e sádico também. Somos todos um pouco de tudo. E cada um se apega ao que pode ter.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

100 posts

Percebi agora que passei dos 100 posts no blog. Tudo começou em 21 de julho de 2005. Naquela época não sabia direito o que seria este blog. Escreveria contos? Poesias? Relatos auto-biográficos? Acabou sendo um pouco de tudo.
De início eu era o Psicoalcoolista - personagem que criei para dar conta de fundir realidade com ficção e, confesso agora, também uma maneira de não se expor tanto. É que também nunca gostei de blogs muito confessionais. Não interessa saber que o sujeito escovou os dentes às duas da tarde naquele fatídico dia. Tem que haver um algo mais.
É esse algo mais que persigo desde o início, esse caminho que vem sendo construído e que um dia eu gostaria que se chamasse literatura. Não é o simples relato da vida cotidiana, é uma construção, uma interpretação, uma tentativa de conseguir transmitir os afetos que nos transbordam no dia-a-dia. Preferi chamar de impressões -a tag mais utilizada nos posts. Chamei de memória, angústia e solidão. Marcas do subjetivo.
Por vez ou outra me arrisquei em contos e crônicas. Aliás, comecei com uma crônica que mais se parece com um conto de tão surreal que era. Na escrita um esforço para ser direta e subjetiva ao mesmo tempo - técnica que busco incansavelmente inspirado na associação livre freudiana. Era terapia também - e continua sendo.
Há a relação com a música também. Indispensável para compreender os textos. Em cada post uma inspiração musical, uma banda ou um álbum, ou apenas uma canção - que para eu muitas vezes exprimia mais  que o texto o que estava sentindo, mas que no geral servia para compor um recorte, um quadro da existência.
Nesses 5 anos muitas coisas aconteceram. Psicoalcoolista se tornou finalmente Luizfst. Era "um estudante de psicologia estagnado em sua estrutura obsessiva, que observava passivelmente a rica paisagem pós-moderna, tentando elaborar algo desta existência" - a descrição era mais ou menos essa. Hoje é Luizfst, psicólogo, professor universitário, futuramente noivo. Muita coisa mudou. Mas os textos conservam ainda sua essência: a de serem tentativas de elaboração da realidade, seja esta objetiva ou subjetiva, seja a da dor e sofrimento ou da alegria e contemplação. 
Parabéns "Contos Neuróticos Cotidianos", por ter sido meu fiel companheiro de tantas madrugadas e tardes insossas  e que agora, mesmo que sem tempo para se dedicar mais, continua a ser essa "via de escape" de um Real absurdo".

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Saudade


"And the same black line that was drawn on you
Was drawn on me
And now it's drawn me in
6th Avenue heartache"



Como pode minha saudade crescer quando te vejo?
E se tornar insuportável quando vou embora.
Como pode eu desabar quando mais queria te fortalecer?
Os olhos lacrimejarem, o peito estourar, a face se contorcer?

Foi uma semana longa, uma espera incontrolável
Uma viagem tranqüila. Um fim de semana doce como todos encontros com você.
Mas a partida, essa foi dura, eu tentei não parecer.

Dois dias foram pouco. Minha pele pediu mais.
Meu juízo desapareceu diante de sua beleza.
Contemplar sua ternura, compartilhar sua semana.
Como eu senti falta disto.

Senti falta do seu sorriso, do seu olhar de amor.
Do seu cuidado comigo, da sua alegria espontânea.
Senti falta do dia-a-dia mais comum possível.

Eu sei, é só uma fase, é uma transição para nossa vida a dois.
Eu também não esperava ser assim. Com isso só confirmei o que sabia:
Que te quero todo dia, que já não sou mais eu, somos nós.
E que metade de mim ficou lá e a vida é muito dura sem você.

É só saudade, eu sei. É muito mais.
Não sei explicar, não quero.
Vou tocando, te esperando.
Só assim, meio sem saber como, tudo passa.
E a saudade permanece...

Trilha Sonora: The Wallflowers "6th Avenue Heartache", do Album "Bring Down the Horses (1996)"

quarta-feira, 23 de março de 2011

A Carta

Para Bruneco,


"Tanto tempo faz
Que li no teu olhar
A vida cor de rosa que eu sonhava
E guardo a impressão
De que já vi passar
Um ano sem te ver
Um ano sem te amar"



Erasmo Carlos - A Carta


Quase um ano se passou e a vida continua. Com um vazio ainda incômodo. É como se uma parte de mim houvesse se perdido em algum lugar que sei  que não encontrarei. É você. É a sua falta. Não caí a ficha, longe agora onde estou, infelizmente não caí. 
É impressionante como achamos superar sua perda. E logo constatamos que só tempo passou. E é assim que acontece. Viramos as costas e vivemos nossas vidas. De repente somos novamente confrontados com um buraco, que sempre estará lá. Nunca será preenchido. Não há o que substitua. 
Agora estamos novamente sendo confrontados com essa sombra. A sombra da morte. Queremos muito que ela passe longe. Estamos cansados, com as almas castigadas. A tua ausência repentina magoou demais. Cicatrizes ficaram. E elas estão frescas ainda. 
Será que vai acontecer de novo Bruneco? Espero que não. 


"Escrevo-te estas mal traçadas linhas,
por que veio a saudade visitar meu coração"

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Sábado

Uma semana estranha. Disco novo do Radiohead. Parece que cada disco deles é sinal do início de uma nova era (ou fase?). Pelo menos toda vez que entro em contato com um som novo deles faço o mesmo exercício de "sentir" o momento atual através do som. Sempre é uma viagem, radioheadiana com certeza.

Somos transportados para um novo mundo. Estranho de início, como qualquer primeira exploração. Angústia? Sempre. Confrontados com o "aquilo que não é mesmo velho", a mente apavora. Isso para aqueles que querem apenas o conforto, a certeza, a estabilidade. Quem é viajante ou "caminhante noturno" e acostumado a vagar sem saber o próximo rumo curte esta angústia. É aquela que lhe deixa incomodado, inquieto. Que porra é essa?

É assim, a vida é cheia de caminhos tortuosos. E quem não tem enjôo de curvas, decidas e subidas, embarca. Outros preferem o conforto e a passividade de ver o mundo passar tranqüilamente por seus olhos. Para esses, mais do mesmo. Sempre. Já para quem está disposto a viajar, conhecer o "estranho", se chocar com ele, odiá-lo de início para depois passar a amá-lo, boa sorte. Perdendo ou ganhando, sempre apreendemos. Agora fugindo e se refugiando, apenas o mesmo.

Só mais um sábado, mas viajando sem conseqüências com Radiohead. Easy Rider!