quinta-feira, 21 de agosto de 2008

A Long Time Ago...

lembro me agora de minha adolescência perdida. de todas as vezes que vaguei por ai. da minha alma clamando por liberdade. e todas as bebedeiras sem propósito. nunca entendi o que realmente eu queria com a liberdade. sempre utópica, hoje permanece assim, distante. libertar-se de si, que porra é essa quando se tem 13 ANOS? toda essa merda que circula hoje entre o "ser jovem" já existia. na minha pobre incopreensão aquilo não era vida. hoje a glorificação do eterno ser jovem.
que porra era aquela? a vida passava como um filme p/b, algo que hoje não se sabe o que significa. tudo se foi e esvanesceu como um simples bater de asas de uma borboleta... metáfora recente de uma teoria do caos. a vida adulta não se concretizou. os velhos anseios permanecem. aquele momento que se espera que um dia aconteça e que tudo irá se concretizar, continua. o velho cigarrinho. a bera entorpecendo os sentidos, tudo isso permanece. os velhos amigos que se foram. uns encontraram seu rumo, outros estão na procura ainda. mas todos embarcaram nesse rumo sem fim, nessa estrada nebulosa que separa o passado do agora.
aquele velho sonho do prazer a qualquer custo torna-se obscuro. tudo é tão regrado agora. tudo é tão disperso e confuso.
saudades dos tempos de algazarra e loucuras sem preocupação. isso não existe mais, e nem deve-se cogitar sua volta. só eu estou nessa, e nem procuro a nostalgia. somente fico aqui a relembrá-la. bons tempos de doideira. tudo é tão careta nesses tempos neo-globais. fantasmas ressurgem em busca de uma brecha que ficou perdida em tempos remotos e antes inimagináveis. o mundo rodou, os personagens assumiram outros papéis que parecem agora falsos. busca por aquilo que se perdeu numa época em que não se buscava nada, e agora tenta-se recuperar. pobre ilusão. pobre rapaz querendo viver em outros tempos com referenciais antigos.
mas tudo era tão bom. e agora por que não? tirando a minha solidão, por que não?

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Marasmo

marasmo. dias e dias passados em vão. espiríto embotado. dias cinzentos desperdiçados. há muito não se produz nada. não há contemplação alguma neste ócio maldito. a alma vagueia em um estado que lembra o purgatório: não caí-se, não levanta-se, não ruma a outro ponto qualquer. permanece-se imutável.
"now the drugs don't work, they just make you worse, but I know I'll see your face again"
preâmbulo de uma nova passagem? estado submerso antes da emersão total? não. tudo parece simplesmente permanecer parado. não há vontade de mudar isso. não há um incomodo que ultrapasse o limiar de "mudanças necessárias urgentes". contente com o prazer barato rapidamente conseguido, tudo tende a cada vez mais ser banal. o fundo do poço está distante, e não há motivos aparentes para procurar tal saída.
a mente está estagnada. nada de vivo ou de novo surge. o horizonte tem a mesma cor todos os dias. o ambiente não mais exerce alguma influência. apela-se ao Radiohead, só assim atinge-se o ponto que o arranca do limiar: a dor que nunca se pode sentir. sem dor não há movimento. sem a angústia, motor nervoso da ação, não há nada. este combustível tão essencial está cada vez mais escasso. a porca mal-dita pós-modernidade tem vencido.
"tudo que é longo e profundo se desmancha no ar"
não há mais o sufoco, a falta de ar. há uma falsa liberdade, uma sensação de extrema neutralidade. vive-se por viver, o sentido cada vez mais distante. significantes e mais significantes. a busca pela vida está cada vez mais longe. a entrega à fantasia é constante. mundo virtual, vida sensorial. subjetividades suprimidas. está cada vez mais difícil ser neurótico em paz.
"let down and hang around. crushed like a bug on ground"
a saída agora? tentativas de se recompor, de buscar a si mesmo em um universo homogêneo e líquido, onde tudo tende a se misturar e a diluir todo e qualquer novo elemento. remontar a imagem do espelho está quase impossível.
"Essa máquina não comunicará.
Aqueles pensamentos e a pressão a que estou submetido.
Será um mundo infantil, formará um círculo.
Antes que todos sucumbamos
E se desvanece de novo. E se desvanece de novo"
Trilha Sonora: Radiohead "Street Spirit (Fade Out)", "Let Down", "Exit Music (for a film)", "Piramid Song"; The Verve "The Drugs Don't Work".