segunda-feira, 22 de abril de 2013

Sol de Outono


Sinto apenas o sol relutante buscando amenizar o leve frio. As cores são outras, as sensações também. Em uma outra segunda-feira qualquer eu estaria angustiado tentando elaborar o fim do ócio. Mas hoje não, uma breve euforia toma conta do ambiente. Vontade amena de apenas deixar o dia escapar de meu controle. Momento de entrega e fuga breve do real. Sei, é apenas um sol de outono, mas isso faz tão bem.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Id


Trilha Sonora para este Post:
Uma lembrança antiga fez despertar imagens que talvez há muito tempo estavam adormecidas: de um ser passional, louco e inconsequente. Inconformado com todas as regras e adequações. Um espirito livre em busca de novidades e aventuras em um mundo inteiro a ser explorado.

Este lado há muito tempo foi sendo sufocado e na verdade nunca pôde se expressar completamente. Porque este ser libertário era também amargurado e consumido pela angústia e que por isso encontrou poucas vezes um lugar para manifestar-se. E o pior que esta prisão fora criada por si mesmo, sempre buscando subterfúgios para justificá-la.

Tinha a mente cheia de ideais e desejos, assim como uma vontade absurda de realiza-los e coloca-los em prática. Mas sempre sucumbiu a alguma força que o reprimia. Andava muito mais à sombra do que à revelia. Vivia mais em um mundo de ideias do que na realidade terrena. Por muitas vezes sentia em seu peito uma vontade extrema de explodir, mas quase sempre acabava implodido.

Por alguns instantes a lembrança tentou trazer esse lado à tona novamente, e foi muito mais difícil. A rebeldia e a indignação estão caladas há um bom tempo. Surgem às vezes de forma civilizada e amena. É possível identificar esse desejo quase apagado, mas querer provocá-lo novamente é tarefa em vão. Há muito ele vem se apagando para quase não mais existir.

Sempre houve o medo e a insegurança, e mais, a sensação de uma iminente autodestruição. Nunca se soube os limites, e não foi possível chegar perto deles. Mas sempre a porra da sensação de que algo prendia, que não se poderia viver essas emoções livremente, e pior, que talvez não se merecesse tal dádiva. E por que não?

O simples deixar fluir e trazer os sentimentos à tona assustavam. Fugia, desesperadamente. As intensas emoções o faziam regredir, fechar-se em torno de si e esperar o turbilhão passar. Mas nunca apenas deixar sair. Quando escapavam, era o terror, o medo, a desilusão.

E por alguns minutos surgiu novamente a sensação de que esse lado pudesse ainda emergir e, dessa vez, talvez espontaneamente ter uma existência autêntica.