terça-feira, 20 de dezembro de 2005

O Encontro

e numa noite sem surpresas se foi. o que era pra ser sem alarmes, foi. tudo se foi. todo o vazio se dissipou, toda a porra do que contem nesta merda foi. silencio. não há o que exclamar. dor. a porra da dor. a porra do nada. please. um cigarro que se queima, uma vida q se prolonga nesta curta jornada. um gole nesta cerveja e vai... toda a análise. vai todo pensamento correto, ou querendo ser correto. tudo o que acha que é dele. ou dos outros? sem saber pra onde vai, segue. pra onde? "queria ser a prova de balas". ou ao menos ele queria ser a prova daquilo que o atinge, tão fundo. viajar. sempre foi seu lema. pra onde? ou melhor, para o que? viajar somente no pensamento vale? ah se for assim. sabe que não, que isso não passa de mais uma viagem. mas ja quis que não fosse só uma viagem? não. não quis. então foda-se. dentro de si tudo existe. tudo é possivel. e sabe disso. então, vai. como desaparecer completamente? vai até o teu encontro e e tu verás onde. ele sabe que não. não vai. não quer. só quer saber onde é, o encontro.
Trilha Sonora: Radiohead "No Surprises", "Bullet Proof... I Wish I Was"; Modest Mouse "Talking Shit About a Pretty Sunset".

creep

James ficava aqui parado no computador pensando e pensando. quantas coisas poderiam ter acontecido? quantas coisas ele poderia ter movido apenas um dedo... e algo talvez poderia ter acontecido. mas não. ele sempre escolhia o caminho mais facil. sempre o que lhe daria total segurança. o que lhe deixaria o mais proximo do que fosse certeza. apostar em algo que esta tão perto, mas tão arriscado? deixar tudo? o que era tudo? o que era o q escoheu? o que era sua vontade? afinal que porra era o desejo de James? Que merda. q porra. sempre aqui. termina a noite solitário em seu podre computador ouvindo radiohead. parece idiota, mas para james o que era? o que significava largar tudo em nome do que ele nem mesmo sabia? que merda. carros assassinos. era o que ele queria. passar por tudo. por cima. passar por o que ele não tem coragem. por o quê ele não quer passar, por aquilo o que vai ter que passar. sem escolha. sem o que tentar. só o desejo. é isso o que ele não quer. é isso o que o atormenta. o que lhe tira o sono. o que lhe faz humano. q bosta ser humano. ser e querer ser sempre algo depois. bosta. queria ser somente um paranoid android. mas é assim todo esquisito. fakie plastic boy. meio medroso, meio travado. meio porra nenhuma. creep.
Trilha Sonora: Radiohead "Creep", "Killer Cars", "Paranoid Android" and "Fake Plastic Trees".

Segunda-feira ao mar

Parado aqui sem saber para onde ir. Tudo roda, e como roda. O mundo em alguns meses passou, rodou, mudou. Mas sempre aqui. Sempre a mesma merda de sempre. Sai, vaza, volta. Tudo sempre acaba na mesma. E como se tivesse a esperança de que algo mudasse espera-se. Mas por que? Ele ja tentou, ja pensou, ja mudou. Mas há algo que sempre tende a voltar, a repetir. Que merda não? Pois então. Não. Gira-se e gira-se, mas sempre volta. A pira não é essa? Não quando não quer se aceitar essa simples imposição da porca vida. Carlos viajou um mês. Saiu às pressas. Não quis avisar ninguém. Queria sair sem ser notado, como se fosse possível. Pegou um ônibus bem vazio, meio de semana. Embarcou feliz, apesar de sempre estar preso ao que ficou. Mas foi. Viajou a noite toda. Não parou de pensar em Lucia. Acordou e olhou para a janela. Sol. Montanhas ficaram atrás. Estava longe de casa, muito longe. Ninguém sabia. E como era bom isso! Aconchegou-se no banco, esticou os braços. Já era. Estava lá. Sentiu o prazer de sair do inferno e pular logo para o paraíso, sem dar conta disso. Quando desceu em Porto Belo viu de cara o sol. Eram 6:30 da manhã. Mamãe dormia. Lucia quem sabe. Sorriu, comprou uma bera à 2,50. Beleza. Foi pra praia. Andou 1 quilometro e meio até a casa dos pescadores. Parou, acendeu um ciga. Fumou. Riu das gaivotas, da areia branca. Mas que porra é essa? Passo o ano todo nessa fudição, ouvindo merda de todos e de repente... tudo assim? Estou só, na praia e não conheço ninguém, e ainda estou curtindo? Pensou que merda era ter esse tipo de pensamento. Como era tão fechado e agora queria tanto ver tudo, conhecer. Float On. Em poucos minutos tudo voltou. Preocupação? O que faço aqui? Foda-se. Em poucos minutos saberei. Ou não? Lucia ligou. E Carlos desligou. Tirou a roupa. Entrou no mar. Olhou para o horizonte. Deu um longo sorriso e deitou-se na água fria. Deixou seu corpo levar. E sua mente por um instante sim.
Trilha Sonora: Modest Mouse "Float On"