quarta-feira, 14 de julho de 2010

Sós?

E o Sigur Ròs insiste em tocar. É a terceira música que o aleatório escolhe. Teve Radiohead antes. Mal indício? Volta a um passado não tão longínquo? O passado sempre é anacrônico, nunca se encaixa completamente ao presente, nem rende muitos links com o futuro. Essa construção sempre é única e própria. E nem sempre desejamos fazê-la.
O estar só ganha novo sentido. É físico, espacial. Não é mais uma escolha. Mesmo as vezes querendo. Muitas vezes é bom e é preciso. Acredita-se que sozinho é possível encontrar-se consigo mesmo. Nem sempre é assim. O outro é espelho e é tão difícil compreender isso. Só, tenho apenas a representação de mim mesmo. No outro é bem mais complicado. É sua própria voz reverberando após passar por um filtro. É sua imagem voltando para si vinda de um estrangeiro. Não tem escape. Já de si mesmo podemos fugir o tempo todo. Da demanda do outro não. Enfim, com o outro encontramos uma parte de nós mesmos que talvez não queiramos ver, mas ela não cessa de se mostrar, ao contrário do contato com nossa solidão que evita a todo custo nos expor... Talvez por isso muitos escolham a si mesmos, ou a solidão como preferem dizer.
Somos mais nós mesmos com o outro ou sozinhos?

Trilha Sonora: Sigur Ròs "Með suð í eyrum við spilum endalaust" Album.