terça-feira, 13 de junho de 2017

Minha Doce Morretes...

O fim pareceu tão natural. Era algo que nós estávamos tentando nos preparar há muito tempo. Nós sabíamos que Morretes logo ia desaparecer. Para sempre. E foi assim, como em um piscar de olhos, e Ela se foi...

Não, nossas lembranças não foram junto. Estão aqui mais vivas que nunca. Lembranças de uma infância perfeita. Sonhos que vivi por muito tempo com pessoas tão amadas e que não posso mais contar com elas. E ao mesmo tempo sei que não poderia mais ir lá sem ter elas ao meu lado.

Foi um pedaço de minha infância. Na verdade foi muito tempo de minha infância que se passou lá. Foi o inicio de minha adolescência. Foi a vida enquanto era apenas bela. E nada mais. Era o tempo de apenas vagar pelo mato, catar mexerica e conversar muito com o Vojão. Foi o tempo de apenas esperar o dia acabar, enquanto nos divertíamos muito.

Era o tempo de brincar muito. De ter cachorros o tempo todo ao nosso lado. Era a época de ir de férias e chorar na hora de voltar porque haviam passados quase 30 dias de curtição. Era a hora de largar a nossa doce liberdade e voltar a ser apenas estudantes...

O pão que assava próximo da meia-noite. As óperas, músicas rancheiras e todas as músicas que quiséssemos ouvir. Por que a Avó ouvia de tudo, e adorava que nós ficássemos com ela ouvindo música.

Eram os banhos de rio com o Kiko, Branquinho e Minhoca. Eram as conversas na plantação enquanto o Vô colhia as verduras. Eram os churrascos ao som de música gaúcha que detestávamos e que agora fazem tanta falta.

Era o Vô e a Vó esperando a gente chegar com pão fresco, churrasqueira acesa, botas de borracha para irmos à roça. Era a Tobata ligando e todos os cachorros subindo. Eram os banhos de rio. Era a doce alegria de apenas estar curtindo um fim de semana em Morretes com nossos avós...

Tudo isso faz tanta falta há tanto tempo. E eu sei que a Chácara ficou tanto tempo assim, largada, esperando um fim, um desfecho. E eu sabia que aquele tempo não ia voltar nunca mais. E que o velho sonho acabou. Mas agora que eu tenho certeza de que tudo se foi, e que nada voltará...

Bateu uma tristeza. Uma saudade absurda que nunca será vencida. De algo que eu sei que nunca irei viver de novo, nem ao menos recuperar... O sentimento que tive por tudo o que significou Morretes...

É o fim, eu sei, de toda uma época, de uma juventude. Mas suas lembranças estarão sempre aqui, em minha memória, nos sonhos juvenis que tive em Morretes. E nunca mais esquecerei tudo isso. Adeus minha doce Morretes...

A imagem pode conter: árvore, planta, atividades ao ar livre, natureza e água