sábado, 11 de março de 2006

Fim de Tarde

E a vida continuava, com exceção de alguns percalços até que ia bem. Estava só, porém havia escolhido assim. E por isso achava que não podia reclamar. Chegou do trampo, tirou a camisa e acendeu um cigarro. Sentou-se em frente a janela e ficou ali á observar o movimento tímido dos trausentes na rua. Um velho passeava com seu cachorro com uma expressão amigável em seu rosto. Lembrava muito seu avô. Este tinha um ar sério de um homem em que se confia somente de olhar. Se tinha marcas de ter vivido uma vida dura, estas eram disfarçadas pela imagem de um homem doce e muito amigo. Bons tempos em que colhiam verduras para o almoço na chácara e conversavam sobre política, sobre o futuro, sobre coisas sérias da vida. Pensou rapidamente que não existirão homens como seu avô num futuro próximo. Pessoas cada vez mais atormentadas pelo ritmo louco das cidades. A dor não pode ser mais sentida e elaborada. Saídas suícidas. Sentimento de perdição. Praticamente esparramou-se sobre a cadeira. Deixou sua mente o levar. Isso ás vezes era perigoso. Perdia-se em resquícios de imagens do passado. Gostava de viver o presente mas era tão difícil somente vivê-lo! 15 minutos se passaram e em sua mente nada passou. Acendeu outro cigarro, desceu as escadas e foi na mercearia comprar um tubo. Era o que precisava naquele fim de tarde. Entregar-se à escuridão do álcool e viver uma bebedeira. Por sorte encontrou Marcos na esquina e ambos subiram ao seu apê. Cd do Radiohead no som, tubo, carteiras de malrboro e mais um dia que se vai.
Trilha Sonora: Chet Baker "My Funny Valentine", Radiohead "Lucky".