domingo, 15 de maio de 2016

Just another day in paradise...

Eu queria, ao menos, só mais uma vez, voltar naquela época. Chegar na chácara, com todos os cachorros nos recebendo, e a Belina entrando por aquela estrada estreita, quase encalhando, e o Vô e a Vó nos esperando, com aqueles olhos brilhando…

A grama cortada, o fogão aceso, o pão descansando para entrar ao forno à meia-noite…Era o famoso “Pão da Meia-noite”.

No outro dia, após o café, era aquela farra. Nós procurando botas no galpão, cachorrada esperta para sair. Vô ligava a Tobata, pegava todo mundo, e bora para a roça. Aquela estradinha quase fechada, cheia de sonhos e imagens.

Depois de pegar pepinos, mandiocas, chuchus, todos iam para o rio. Lá os cachorros faziam a festa, e se estivesse calor entravamos juntos na água fria da serra. A mãe ficava brava. O Kiko e o Urco voltavam sujos, molhados, cheios de terra.

Na volta, o fogo da churrasqueira já estava aceso. Era hora de “queimar osso”, como Vô João dizia. Enquanto nós brincávamos, a carne ia assando. Almoçávamos, brincávamos mais um pouco, e era hora de ir embora. A Vó ficava muito triste. Ela ficava parada ao lado da casa e esperava o carro do pai passar e buzinar. Era a despedida. Talvez o pai não saiba até hoje o quanto era importante para a Vó ouvir aquela buzina!

Eu sei, por que eu fiquei algumas vezes de férias com a Vó e ouvia a buzinada melancólica da Belina 87. Era um som que surgia alto e sumia no mato, enquanto o silêncio ia estabelecendo-se no local. E então a Vó ligava sua vitrola, e Cascatinha e Inhana tocava, com aquela doce melancolia.

No carro do pai, enquanto voltávamos, tocava Phill Collins, naquele velho toca-fitas Bosch. E quando o pai acabava de virar a curva, buzinando, era o sinal de que o fim de semana havia acabado. Era melancólico. E na chácara, a Vó somente esperava, o próximo fim de semana chegar...

Do you remember?