quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Marasmo

marasmo. dias e dias passados em vão. espiríto embotado. dias cinzentos desperdiçados. há muito não se produz nada. não há contemplação alguma neste ócio maldito. a alma vagueia em um estado que lembra o purgatório: não caí-se, não levanta-se, não ruma a outro ponto qualquer. permanece-se imutável.
"now the drugs don't work, they just make you worse, but I know I'll see your face again"
preâmbulo de uma nova passagem? estado submerso antes da emersão total? não. tudo parece simplesmente permanecer parado. não há vontade de mudar isso. não há um incomodo que ultrapasse o limiar de "mudanças necessárias urgentes". contente com o prazer barato rapidamente conseguido, tudo tende a cada vez mais ser banal. o fundo do poço está distante, e não há motivos aparentes para procurar tal saída.
a mente está estagnada. nada de vivo ou de novo surge. o horizonte tem a mesma cor todos os dias. o ambiente não mais exerce alguma influência. apela-se ao Radiohead, só assim atinge-se o ponto que o arranca do limiar: a dor que nunca se pode sentir. sem dor não há movimento. sem a angústia, motor nervoso da ação, não há nada. este combustível tão essencial está cada vez mais escasso. a porca mal-dita pós-modernidade tem vencido.
"tudo que é longo e profundo se desmancha no ar"
não há mais o sufoco, a falta de ar. há uma falsa liberdade, uma sensação de extrema neutralidade. vive-se por viver, o sentido cada vez mais distante. significantes e mais significantes. a busca pela vida está cada vez mais longe. a entrega à fantasia é constante. mundo virtual, vida sensorial. subjetividades suprimidas. está cada vez mais difícil ser neurótico em paz.
"let down and hang around. crushed like a bug on ground"
a saída agora? tentativas de se recompor, de buscar a si mesmo em um universo homogêneo e líquido, onde tudo tende a se misturar e a diluir todo e qualquer novo elemento. remontar a imagem do espelho está quase impossível.
"Essa máquina não comunicará.
Aqueles pensamentos e a pressão a que estou submetido.
Será um mundo infantil, formará um círculo.
Antes que todos sucumbamos
E se desvanece de novo. E se desvanece de novo"
Trilha Sonora: Radiohead "Street Spirit (Fade Out)", "Let Down", "Exit Music (for a film)", "Piramid Song"; The Verve "The Drugs Don't Work".

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