quinta-feira, 21 de julho de 2005

A Volta ao Real

O confronto com o cinza. O frio que corrói os ossos. A umidade espalhando-se pelo corpo. Sair do azul intenso da Barra, do desenho perfeito das nuvens e cair no escuro, cinza e gelado inverno curitibano é compreender o que é a passagem mania-depressão. Angústia. Preguiça. Mal-humor. Tardes amarelas ensolaradas, a leve brisa marítima, fria, porém aconchegante. O cair da noite singelo e vagaroso, diminuíndo lentamente a temperatura. A mudança deste cenário para uma realidade um pouco mais chocante: céu cinza, nuvens homogêneas, clima constante: frio. A noite cai como um soco, vento horripilante. Pessoas quase-felizes em seu mundinho alienante e provinciano. Sorrisos estampados em suas camas cobertas com 5 cobertores e um aquecedor, assistindo a novela das 8, tomando mais um chá Vick após 5 dias de espirros constantes. Se entocar, se fechar, se fuder com o resto do mundo. Viver aqui é assim mesmo: que se foda tudo! A volta do cinza dominando o azul. Saudades das trocas de cores, do céu psicodélico no fim de tarde, da areia gelada e firme, da noite embriagantemente estrelada e levemente gelada. A volta à casa nem sempre é boa. Internet, tv à cabo, soulseek, google, blog, telecine. Ferramentas para sobreviver nesta metrópole sufocante.
"In my place, in my place,were lines that I couldn't change,
I was lost, oh yeah. And I was lost, I was lost,
Crossed lines I shouldn't have crossed,I was lost, oh yeah"
(Coldplay, "In my Place")

Nenhum comentário: