quinta-feira, 21 de julho de 2005

Caos

Estar sozinho. Ruas cheias de pessoas, carros alucinados, luzes entorpecentes, mendigos, velhas gordas cheias de sacolas da casa china, bebâdos tomando tubão no meio fio, ninfetas em seus uniformes azuis rindo. João olha para o céu, vê fios de luz, vê um pássaro, não vê mais nada. Seu olhar não remete a nada além do caos que sua mente tenta conceber. Sua mãe - quem é ela agora? Seu pai - ele a matou? Onde estou? Onde está a casa velha da vó que ficava ali logo no Seminário? Ah não, estou no centro. Que centro? Anda de um lado para outro, acha uma bituca e acende. Lembra-se de quando era um garoto e tomava banho de rio no barigui. Ou era no passaúna? Anda mais um pouco encontra um pastor gritando, uma velha berrando o jogo do bicho, não aguenta mais essas vozes. Precisa fugir. Para onde? Onde moro? Aqui? Senta-se no chão, o mendigo oferece um tubo, João bebe, deita-se, fecha os olhos. E o inferno começa. Flashes, luzes, sons de todos os lados. João aperta os ouvidos, cerra os olhos. Mas não passa! Porra deixe eu em paz! A noite é longa. Os sonhos piores que a realidade. Mas que realidade? E que sonhos?

Trilha Sonora: Radiohead - Hail to the Thief (album)

Nenhum comentário: