terça-feira, 8 de setembro de 2009

Alcoholiday

Um feriado. Litros e mais litros de álcool. O desejo de diversão a qualquer custo. Dias vivendo nessa ilusão etílica. Um corte. Abstinência. Angústia volta à toda. E ai percebe-se que mais um pedaço de si se foi.

A volta à realidade é dura, machuca. Sentimento de uma alma despedaçada, partes que tentaram juntar-se mas que apenas fragilmente encontravam-se. E alguns dias de perdição bastaram para tudo desfragmentar-se novamente.

O álcool traz a ilusão de que um ser único e inteiro é possível. Sob o seu efeito, um super-homem surge confiante e arrogante. Ri de tudo. É o bobo da corte e o rei ao mesmo tempo. Sente que pode tudo. Alguns dias depois o rei cai e só sobra o bobo da corte. Um palhaço rindo de si mesmo, pois sua graça acabou há algum tempo.

O que sobra é um humano. O real volta com toda sua força: jogando-o contra a parede. Mostrando claramente que você é o que é, e que aquele ser supremo que você busca é um falso personagem de uma pseudo-história que você inventou para tentar deixar sua realidade bem mais amena. E que no fundo você é ainda aquele ser despedaçado que busca se reintegrar, mas agora sem a falsa ajuda do santo elixir que promete juntar tudo, para logo depois te jogar contra o chão e deixá-lo pior do que você já estava.

Foi apenas mais um "Alcoholiday". E mais uma volta assustadora ao real.

Trilha Sonora: Teenage Fanclub "Alcoholiday", do disco Bandwagonesque (1991).

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