quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Insônia

sem ter o que escrever. sem ter o que pensar numa hora dessas. imaginar coisas que eu poderia estar fazendo é demente. ou planos que simplesmente surgem sem o mínimo de convicção de que serão realmente planos. pensar sobre o imaginável torna-se agora ridículo. a realidade é que muito pouco torna-se algo concreto. e isso é um fato. não que não se possa sonhar. sonhos são ótimos quando se tem alguma idéia de que se possam concretizar. já sonhei apenas, por sonhar. mas ultimamente os sonhos têm sido simples escapes, fugas para aquilo que não se quer que se concretize. então é melhor escrever sobre o que se está vivendo, mesmo não sendo nada de interessante.
férias. tempo remoto e livre. tempo de se sentir inútil. sentimentos obessssivos. eu sei que posso ficar por muito tempo sem fazer nada, ou prolongar o tempo que eu quiser para simplesmente não fazer nada. mas isso é banal. eu tendo a pensar que não, mas é. para quem tem na maior parte do tempo um pensamento utilitário, mesmo achando que não. que se foda. nessa hora não quero pensar em mais nada. o álcool percorre minhas veias e pede para deixar de pensar em qualquer coisa.
deixe-se levar. quanto é duro seguir uma lei tão natural. o corpo pede, as vezes implora. mas a mente insistentemente nega. renega. oprime. por que deixar-se levar? burro! se tu podes simplesmente imaginar? mente burra. corpo frágil. de tudo o que se pensa somente 15% se concretiza. mas para a razão é o que basta para tornar-se verdade. para a estatística, arma da razão, não se faz necessário que se aplique ao todo, somente uma projeção basta. simples projeção daquilo que se imagina ser o todo. ou que seja possível provar estatísticamente.
deixar o corpo ir, a mente fluir, em espaços nunca antes imagináveis. deixar ser. como ser. simplesmente ser. função inimaginável da pobre mente, que pode tudo, e realiza pouco.
sonhos loucos, mente insana, vinho correndo pelas veias. tudo se passa rapidamente, antes de sumir num vazio. o vazio de que não se pode controlar, o da mente que teme simplesmente enlouquecer. que ao invés de criar, se apaga, e deixa este velho vazio a percorrer. sem tentar ao menos, reproduzir-se. tão mais fácil deixar-se entregar ao vazio, velho embolorado que teme em criar-se.
entregue-se a suas mais loucas idéias e tente fugir do mesmo, daquilo que o tempo tende a criar, sem querer, e que é o seu rastro, sua impregnação, a sua própria marca que lhe faz sobreviver: o registro. o tempo que se estagna sem ao menos se dar conta de sua existência, e que se faz, memória daquilo que já passou.
Trilha Sonora: Silversun Pickups "Melatonin"; O Grande Encontro "Eternas Ondas"; Sigur Ròs "Viõrar Vel Til Loftárasa"; "Untitled 5".

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