Ele estava novamente no 2º grau,
como estudante, só que agora iria dar uma aula para seus colegas. É um
auditório enorme e há muitas pessoas. Primeiro o data-show não funciona de
jeito nenhum. Depois seu notebook falha e não consegue visualisar a aula que
preparou. Sente-se constrangido, inseguro, temendo que não consiga dar aquela
aula. A sensação é de angústia. Procura de todas as formas consertar aquela
situação, que no sonho vai desembocar em alguma outra cena esdrúxula que já não
se recorda mais.
O velho cenário da adolescência,
o colégio, a ansiedade e a insegurança. O sonho remete aos sentimentos vividos naquela
época. Ao garoto fechado, calado, tímido e principalmente inseguro. Uma mente
inquieta que sufocava de tanto pensar, imaginar, criar. Uma vontade enorme de
realizar-se e ao mesmo tempo barreiras infindáveis a serem derrubadas. Uma fé
no conhecimento, na razão, e uma inabilidade tremenda em lidar com os afetos,
que àquela altura da vida explodiam dentro de si.
O garoto cresceu, aprendeu a
falar e a manifestar um pouco daquele universo que havia criado para si. Quis mostrar
ao mundo para o quê veio. Gosta de compartilhar o que em anos e anos de
curiosidade e fascínio pelo saber o fizeram ser o que é hoje. Hoje aceita
melhor a profusão de sentimentos que estouram seu peito e inebriam sua mente.
Permite-se sentir, entrega-se com dificuldade mas está aberto ao mundo da
experiência.
Sente-se amado e valorizado por
aqueles com quem se relaciona. Sente poder oferecer conforto e paz à almas que
ainda sofrem por não se conhecerem como ele. Fala e entende coisas que para
muitos são dificílimas e a faz de tudo para torná-las fáceis e compreensíveis
para aqueles que se dispõe a ouvir.
Agora é homem convicto de seus
ideais e valores, ciente do caminho que deve seguir e que já o faz. O futuro
não está tão distante. Mas há algo do garotinho tímido que persiste em voltar à
memória. Seja para mostrar que nem tudo resolveu-se ainda, que o garoto existe ainda dentro do homem, seja para provar que
o passado sempre está presente para não deixarmos esquecer quem fomos, e
principalmente o caminho tortuoso que é vir-a-ser.
E este sonho aconteceu justamente
na noite posterior a uma realização: após a sua primeira aula como professor da
pós-graduação, que depois de alguns momentos de ansiedade e insegurança,
ocorreu da melhor forma possível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário