A volta à realidade é dura, machuca. Sentimento de uma alma despedaçada, partes que tentaram juntar-se mas que apenas fragilmente encontravam-se. E alguns dias de perdição bastaram para tudo desfragmentar-se novamente.
O álcool traz a ilusão de que um ser único e inteiro é possível. Sob o seu efeito, um super-homem surge confiante e arrogante. Ri de tudo. É o bobo da corte e o rei ao mesmo tempo. Sente que pode tudo. Alguns dias depois o rei cai e só sobra o bobo da corte. Um palhaço rindo de si mesmo, pois sua graça acabou há algum tempo.
O que sobra é um humano. O real volta com toda sua força: jogando-o contra a parede. Mostrando claramente que você é o que é, e que aquele ser supremo que você busca é um falso personagem de uma pseudo-história que você inventou para tentar deixar sua realidade bem mais amena. E que no fundo você é ainda aquele ser despedaçado que busca se reintegrar, mas agora sem a falsa ajuda do santo elixir que promete juntar tudo, para logo depois te jogar contra o chão e deixá-lo pior do que você já estava.
Foi apenas mais um "Alcoholiday". E mais uma volta assustadora ao real.
Trilha Sonora: Teenage Fanclub "Alcoholiday", do disco Bandwagonesque (1991).
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